A SAGA DO PAU-BRASIL

Procurei mostrar a trajetória heróica do Pau-Brasil em nossa História, como se apontando no mapa o curso do Velho Chico. O Brasil, quando mais conhece, mais ama. Mais respeita ** O livro está disponível nas principais LIVRARIAS do país, distribuído pela JURUÁ EDITORA, ou pedido pelo e-mail: welingtonpinto@yahoo.com.br ; welingtonpinto@oi.com.br *** CLIQUE abaixo (View my complete profile) e veja mais sites do autor sobre literatura.

Sunday, April 03, 2005

06/VI - A FESTA DO PAU-BRASIL


VI

 

- Dias mais tarde – continua o Professor Felício - D. Manuel I recebe com entusiasmo o mensageiro de Cabral. Depois de ler todas as cartas dirigidas a ele, fica impressionado com a riqueza de detalhes do relato de Pero Vaz de Caminha. Faz o sinal-da-cruz e beija os dedos cruzados, agradecido: pareceu que Nosso Senhor milagrosamente quis que se achasse terra tão generosa em tão preciosa planta de tinta!

O rei enchia os olhos diante dos toros de Pau-Brasil, e também dos papagaios tagarelas. Na verdade, não esperava notícias tão agradáveis da nova colônia. Juntava gente no Palácio para escutar, imaginando todos mundos e fundos com a minuciosa descrição da terra encantada.

- Babava, isso sim, com as novidades - completa Cidinha.

- E as outras cartas? - Dinha questiona.

- Também importantes, é claro. Tinha carta até do próprio Cabral e de outros tripulantes das caravelas para D. Manuel I, como também para as suas famílias, amigos, namoradas. Entre essas cartas, a do Mestre João, que descrevia a constelação do Cruzeiro do Sul, muito bonita e jamais vista por olhos europeus.

Mas a Carta de Pero Vaz de Caminha destacou-se das demais, lógico, pelas minúcias bem relatadas durante a viagem e da descrição da nova terra, num depoimento de entusiasmo e alegria, de um escrivão impressionado com a beleza do lugar e com a felicidade dos nativos, sempre com um perpétuo sorriso em tudo. Foi através dela que a Europa ficou sabendo que tinha portos seguros, gentio amigável e ares balsâmicos. E, na sua vastidão, coberta pela esbraseada madeira. Através da Carta de Caminha, ainda hoje é possível reconstituir com pormenores os dias inaugurais do Brasil, o nascimento de nossa Pátria.

- Um bom historiador, esse Caminha, heim Professora!?

- Boa observação, Márcia. Quando voltarmos, vamos ler mais trechos da Carta. Muito curiosa e importante.

Todos:

- Claro, Dona Diana!!!

Um fala meio escondido:

- Convida o Professor para ir escutar a Carta também.

- E lá em nossa sala de aula...

- Assentadinho bem na frente...

- E bem comportado...

- E sem dar muito palpite feito o Douglas aí...

- Só o coitado do Douglas?

- Evidente, Meninos! Já está convidado, em nome de toda a turma, Professor Esma...

- ... ragdo Valverde, Dona Diana. Vou, sim, e com maior prazer. E me comporto de acordo... Marquem o dia e a hora. Aproveito e levo um personagem muito importante que ainda vão conhecer e admirar... Surpresa! Também...

- Professor, essas cartas estão guardadas em algum museu?

- A grande maioria, Vitória, foi queimada num incêndio em Lisboa, em 1580. As que escaparam do fogo, foram engolidas pelo terremoto de 1755. Azar e tanto, né! Restaram apenas a de Caminha, do Mestre João e a Relação do Piloto Anônimo.

Risos parcelados. O mestre continua a história:

- O poder, então, sobe à cabeça do rei D. Manuel I. Tanto que anuncia aos outros reinos, com muita propaganda, a nova descoberta de Portugal. Para o rei da Espanha escrevera carta especial, considerando-se senhor da Guiné e da conquista, da navegação e do comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia... Senhor da Terra de Vera Cruz, onde existe a maior concentração de pau-de-tinta do Mundo.

Lisboa transforma-se num atrativo centro de negócios de além-mar, tornando-se uma das cidades mais ricas da Europa e o mais ativo mercado de Pau-Brasil, escravos e especiarias do Mundo. Imediatamente foi invadida por banqueiros alemães, liderados pela família Fugger, comerciantes italianos e agentes judeus que especulavam com especiarias e Pau-Brasil.

Dom Manuel I manda instalar no Salão Imperial uma grande exposição e exibe com destaque as peças de Pau-Brasil e outras amostras da Terra de Vera Cruz. Tinha papagaio até falando Português misturado com língua dos índios... Um grande acontecimento em Lisboa, prestigiado pelos maiores comerciantes e industriais ligados ao mercado têxtil da Europa.

Renata, interessada:

- E aí, Professor, quando apareceu pela primeira vez o nome do Brasil nos mapas?

- Em 1501, no mapa de Cantino, logo após a viagem de Américo Vespúcio, que dá o nome de rio Brasil, o que fica próximo de Porto Seguro.

O Professor, após uma pequena pausa:

- Portugal vivia o Século Áureo. Vasco da Gama descobrira o itinerário das especiarias e Pedro Álvares Cabral o país do Pau-Brasil. E Lisboa tornava-se a Senhora dos Mares.

 

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